Em plena semana de Black Friday, a gente tem que se preocupar com AI-5
Juliana Kataoka
26/11/2019 14h53
Tudo que eu queria era estar pensando no desconto que eu gosto!
Nesta terça-feira (26), estamos a três dias da que se tornou uma das maiores datas do comércio brasileiro, a Black Friday! Em um dia que eu eu gostaria de estar fazendo uma longa lista de tudo o que eu gostaria de comprar, eu estou preocupada com a fala do ministro da economia, Paulo Guedes, que disse pra gente "não se assustar se alguém pedir um AI-5".
O AI-5 foi o quinto e o mais duro de dezessete decretos que se seguiram após o golpe de 1964.
O AI-5 permitiu ao governo fechar o Congresso e as Assembleias Legislativas, ao presidente e governadores legislar por meio de decretos-leis, permissão, sob pretexto de "Segurança Nacional" de intervir em estados e municípios, censura prévia da imprensa e da produção cultural, suspensão de Habeas Corpus, destituição de qualquer funcionário público de seu cargo e cassação de direitos políticos de cidadãos considerados subversivos.
Essa é a quarta vez que se fala sobre AI-5 desde o início do governo Bolsonaro.
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O problema é que quem prega a volta do AI-5 está comentando ato de terrorismo contra o estado brasileiro.
Não é permitido a nenhum cidadão pregar a favor do estado de exceção e contra a constituição.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já falou que não dá pra ficar falando sobre o AI-5 como se estivéssemos dando bom dia.
Como se isso já não especialmente ruim para mim que tenho como um de meus maiores hobbies democráticos reclamar do governo, você já ouviu falar em GLO?
O projeto de Lei (PL), o nono de toda a carreira política de Bolsonaro, propõe isentar de punições policiais e militares que cometerem excessos, incluindo assassinato. O projeto também diz que age com legítima defesa os militares ou agentes que "repelem injusta agressão" e a tipifica: atos de terrorismo, condutas capaz de gerar morte ou lesão corporal, portar ou utilizar "ostensivamente" arma de fogo. O projeto ainda precisa passar pelo Senado e da Câmara para ser aprovado.
Enquanto isso, o dólar bate 4,25.
E isso é especialmente ruim para nós, nação consumidora. Os aumentos de custos na economia são invariavelmente repassados para o consumidor, que sofre com a inflação e a perda do seu poder de compra.
Como ficar com a cabeça tranquila para dar minha contribuição pessoal para o aquecimento da economia?
Poxa, Ministro, me ajuda a te ajudar!
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Sobre as autoras
Juliana Kataoka, jornalista e redatora, trabalhou no BuzzFeed Brasil, em agências de publicidade e outros veículos. Não consegue sair das redes sociais, mas jura que tenta. Redes sociais: Twitter Facebook Instagram
Susana Cristalli, jornalista de formação, redatora de tudo um pouco e tradutora. Moradora da internet, acorda cedo pra varrer a calçada cheia de memes do dia anterior. Redes sociais: Twitter Facebook Instagram
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