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Estão viralizando os nomes dos nove de Paraisópolis, para não esquecer

Susana Cristalli

03/12/2019 12h21

Dias depois da tragédia do último sábado (30) em Paraisópolis, quando uma ação policial causou a morte de nove jovens que haviam ido dançar em um baile funk, a palavra de ordem na internet é que todos conheçam
Marcos Paulo, Denys Henrique, Dennys Guilherme, Gustavo, Gabriel, Mateus, Luara, Bruno e Eduardo.

Oito rapazes e uma menina, todos entre 23 e 14 anos: assim foram divulgadas de início as identidades das vítimas. A legenda do post do perfil @rompowpowpow fala mais sobre quem eram.

"ELES TEM NOME! 9 jovens brasileiros, 9 vidas tiradas pelo Estado. Até quando?

Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 — Primeira vítima a ser reconhecida. Estudante, morava no Jaraguá, zona norte de São Paulo.

Denys Henrique Quirino da Silva, 16 — Denys morava com a família em Pirituba, zona oeste de São Paulo. O garoto de 16 anos estudava e trabalhava com limpeza de estofados e sofás. Os familiares do adolescente contestam a versão de que ele tenha morrido pisoteado porque, de acordo com eles, o corpo e as roupas do jovem não tinham sinais de pisões ou marcas de sapatos.

Dennys Guilherme dos Santos Franca, 16 — Ex-aluno da Escola Estadual José Talarico, no distrito de Vila Matilde, na zona leste, o jovem estudava administração na Unip.

Gustavo Cruz Xavier, 14 — Gustavo, a vítima mais nova, também não morava em Paraisópolis. Ele vivia com a família no Capão Redondo, também na zona sul. Segundo o padrinho, Roberto Oliveira, a família havia aconselhado o adolescente a não ir ao baile por questões de segurança.

Gabriel Rogério de Moraes, 20 — Gabriel morava em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Seu corpo foi reconhecido pelos pais no IML.

Mateus dos Santos Costa, 23 — Baiano, morava há cinco anos em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Flamenguista, morava sozinho e trabalhava vendendo produtos de limpeza.

Luara Victoria de Oliveira, de 18 anos, única vítima do sexo feminino do crime em Paraisópolis. Luara morava com uma amiga após a morte do pai e da mãe e estava desempregada.

Bruno Gabriel dos Santos, fez 22 anos no último dia 28, mas resolveu comemorar com os amigos na noite de sábado (30), dia em que ocorreu a chacina.

Eduardo da Silva, 21 anos, era morador do bairro Cidade Ariston, em Carapicuiba, na região metropolitana de São Paulo, morava com a mãe, o pai, uma irmã e o filho. Ele trabalhava com o pai em uma oficina de carros e nunca teve nenhum envolvimento com a polícia."

Posts como esse estão viralizando no Instagram e no Twitter.

Vindos inclusive de instituições como a Unicef.

Os posts têm o objetivo de lembrar que os mortos não eram anônimos, nem números, nem meras consequências.

Todos juntos e também individualmente, como neste post sobre o Dennys.

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E muitos também se questionam se, caso os jovens tivessem sido brancos e de classe média, também seria preciso lembrar a todos de que eram pessoas.

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Eles tinham nome, sobrenome, família. Gustavo Cruz Xavier, 14 anos. Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16 anos. Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos. Dennys Henrique Quirino da Silva, 16 anos. Luara Victoria de Oliveira, 18 anos. Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos. Eduardo Silva, 21 anos. Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos. Mateus dos Santos Costa, 23 anos. ———– Por Isac Machado de Moura. Gustavo Xavier, Denys Quirino, Marcos Paulo, Dennys dos Santos, Luara Victória, Gabriel de Moraes, Eduardo Silva, Bruno Gabriel, Mateus dos Santos, POLÍCIA, Paraisópolis, morte, uma menina, oito meninos, eleitos e eleitores ASSASSINOS de juventude, votos no ataúde, legitimidade para matar. "A violéncia vai acabar, vamos investir em mais viaturas". Nada de culturas. Nada de esportes. Mortes saem mais em conta. São Paulo, Rio de Janeiro, um Brasil inteiro para matar e morrer. Beco fechado se correr, cassetadas se ficar. "O que faziam lá?" Perguntam os religiosos fundamentalistas, insanos, sem qualquer empatia aparente. Gustavo… presente! Denys Quirino… presente! Marcos Paulo… presente! Dennys dos Santos… presente! Luara Victória… presente! Gabriel de Moraes… presente! Eduardo Silva… presente! Bruno Gabriel… presente! Mateus dos Santos… presente! O que será que sente quem bateu, humilhou, chutou, matou? Nada! Não sente nada! Cada assassino fardado foi para casa, tirou a farda, dormiu. Estavam a serviço desse novo Brasil com pena de morte em decisão sumária, arbitrária, sem processo, sem julgamento. Momento de morte institucional, com excludente de ilicitude, mano. Matar a juventude, esse é o plano, mas somente a parte preta e pobre. A parte nobre segue preservada, intocada assim. "A abordagem em Paraisópolis não pode ser a mesma do Jardim", diz o comandante da polícia. Governo de milícia funciona assim.

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Sobre as autoras

Juliana Kataoka, jornalista e redatora, trabalhou no BuzzFeed Brasil, em agências de publicidade e outros veículos. Não consegue sair das redes sociais, mas jura que tenta. Redes sociais: Twitter Facebook Instagram
Susana Cristalli, jornalista de formação, redatora de tudo um pouco e tradutora. Moradora da internet, acorda cedo pra varrer a calçada cheia de memes do dia anterior. Redes sociais: Twitter Facebook Instagram

Sobre o Blog

Vamos contar pra você, do nosso jeitinho, as histórias que mais quicaram na internet durante esta semana e que você talvez tenha perdido, ou não.

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